Hoje teremos mais uma entrevista no blog!! Dessa vez, será com Marcos DeBrito! Escritor e cineasta (nosso parceiro)! Olha como o blog está chick! Seu primeiro livro é À Sombra da Lua! Está sendo uma excelente leitura e logo, logo terá resenha para vocês!! Para quem quiser conhecê-lo mais, e à sua obra, clique aqui! E, também, não deixem de ler o post da coluna LI ATÉ A PÁGINA 100 E... de À Sombra da Lua!! Tenho certeza que não vão resistir à leitura!!
MMTP: Já teve
medo do escuro?
Marcos: Considero
o medo do escuro um fator essencial para quem escreve o gênero terror. Para
transpor esse sentimento para as páginas, não há nada mais eficaz do que um
real conhecimento de causa. Parei de dormir com
a luz do meu quarto acesa só depois dos 18 anos e, ainda hoje, passo algumas
noites em claro quando os fantasmas do meu passado resolvem me assombrar.
Durante o
dia sou totalmente racional quanto a improbabilidade dos fenômenos
sobrenaturais ocorrerem depois que deito na cama, mas na madrugada essa razão é
derrubada pelo pavor do que pode estar escondido nas sombras.
MMTP: O que te
assustava quando era criança?
Marcos: Até hoje
a ideia real de morte me assombra. A noção de finitude me desola e por isso que
é um tema geralmente discutido nos meus textos.
Mas se
formos interpretar o susto como um abalo emocional provocado por uma
circunstância ameaçadora ou inesperada, sempre tive medo do que hoje escrevo.
Fantasmas e criaturas das trevas sempre roubaram meu sono, mas, mesmo assim,
procurava-os em filmes, literatura ou quadrinhos.
MMTP: Tem algum
relato, de algo estranho e sobrenatural, que aconteceu com você, para nos
contar?
Marcos: Esse tipo
de experiência eu fujo um pouco da resposta porque muitas pessoas não acreditam
na presença ou influência do oculto.
Prefiro
deixar para interpretação do leitor se escrevo com conhecimento de causa ou por
criatividade. O que posso afirmar é que tive sim episódios que originaram meu
medo pelo escuro e que se eu os descrevesse aqui a entrevista seria longa.
MMTP: Como
surgiu esse gosto pelo gênero terror?
Marcos: Acredito
que os fantasmas do passado me deixaram essa herança. Eu buscava em filmes
desse gênero algum tipo de explicação para entender o que acontecia comigo.
Talvez tenha sido um erro porque a ficção tende a vender o sobrenatural como
perverso e eu aceitei esse conceito.
Hoje, apesar
de acreditar que nem todos seres ocultos ostentam a maldade, minha maneira de
retratá-los é influência dessa noção que tive quando criança. E não reclamo.
Foi assim que aprendi a discutir sobre o mal e suas contradições.
MMTP: Já tinha
vontade de escrever um livro antes?
Marcos: Nunca
havia pensado em escrever um livro, apesar de minhas redações na época da
escola sempre extrapolarem o limite de páginas. Imagino minhas histórias
contadas visualmente, tanto que me formei em cinema e trabalho como roteirista
e diretor. Mas quando terminei o roteiro do “Vila Socorro” (primeiro título do
“À Sombra da Lua”), fizemos o orçamento e concluímos que a produção era muito
cara para ser realizada. Como eu gostava muito da história, não queria
engavetá-la e resolvi arriscar como romance.
Foi uma
enorme surpresa para mim quando a Rocco me escreveu querendo publicar o livro.
Eu não imaginava que ele pudesse sair por uma das nossas maiores editoras, que
tem os direitos da Anne Rice e tantos outros escritores renomados. Mas gostaram
tanto que já me pediram para escrever uma trilogia.
Hoje penso
em ter mais livros publicados. Inclusive, já entreguei a eles o original de “O
Escravo de Capela”, meu segundo romance também de terror. Mas, os planos para
filmar o “À Sombra da Lua” permanecem. Só que para o futuro.
MMTP: O que
acha dos livros de terror nacionais?
Marcos: Sei que
pode parecer uma falha minha, mas não leio literatura de terror nacional
contemporânea. Juro que tentei, mas me decepcionei com a forma da escrita dos
livros que li. Gosto de descrições exageradas, da dor existencial, do
sofrimento e isolamento..., narrados de forma quase poética. Procuro a beleza do
pessimismo em construções gramaticais harmoniosas e isso falta em nossa
literatura de terror. O que temos são textos diretos, frases curtas e metáforas
pobres. Acho que o horror é considerado um subgênero por aqui justamente pela
maioria dos autores focar apenas na ideia central da estória, em detrimento de
uma forma de escrita melhor trabalhada.
Sou
apaixonado pela composição narrativa dos ultrarromânticos. Não sei se consegui,
mas tentei trazer para o “À Sombra da Lua” essa melancolia em contornos
trágicos que impregnava os textos do Mal do Século. Parece uma aposta bem
vinda, tanto que a Rocco indicou o livro para concorrer ao Jabuti de melhor
romance do ano. Infelizmente não fui um dos finalistas, mas já é um
reconhecimento para o gênero.
MMTP: Qual ou
quais autores te inspiraram a escrever?
Marcos: Edgar
Allan Poe e Álvares de Azevedo são minhas principais referências. O poema
“The Raven” é obra mais perfeita de terror clássico que tenho conhecimento. E a
tradução do Milton Amado é a melhor.
Meu livro
de cabeceira é o “Macário”, seguido por “A Noite na Taverna” ambos do Álvares
de Azevedo.
MMTP: Quanto
tempo levou para escrever À Sombra da Lua?
Marcos: O
processo inteiro, desde a ideia até a publicação foi longo. A história envolvia
muita pesquisa em textos de internet, livros, sermões antigos, entrevistas,
mitos, religião... e para não parar no meio do processo com falta de
informação, busquei tudo isso antes de começar a escrever. Na época eu estava
representando meu último curta-metragem em festivais e trabalhando também com
publicidade, portanto era escasso meu tempo para desenvolver o texto. Foram
quase 2 anos para ter o roteiro pronto e esse mesmo tempo para ter a versão
final adaptada como romance. Após entregue à Rocco, entre idas e vindas de
revisões e conversas sobre como deixar o livro ainda melhor, foram mais 3 anos
para ser publicado.
MMTP: Achou
difícil desenvolver a estória, ou ela foi tomando forma com facilidade?
Marcos: Não
diria que foi difícil, mas foi muito trabalhosa. Não só por retratar uma época
do nosso passado, explorar a mitologia e argumentações religiosas com
questionamentos filosóficos do comportamento humano, mas também porque é uma
trama de reviravoltas. Precisei trabalhar tudo isso em conjunto para ambientar
o livro de forma correta e não ter furo na estória.
O segredo é, antes de tudo, saber o seu final.
Tendo isso, o desenvolvimento fica sempre bem direcionado. Algumas coisas são
descobertas à medida que se escreve, mas como tudo faz parte do mundo mental do
escritor, no final as coisas se encaixam.
Bom meus queridos, essa foi a primeira parte da entrevista com Marcos DeBrito!! Gostaram? Está bem rica!! Eu gostei muito e também me identifiquei bastante com as respostas! O livro Noite Na Taverna é um ótimo livro! Recomendo! Fiquei muito animada ao saber que tem um segundo romance a caminho!! E vocês??
Amanhã teremos um pequeno quiz de favoritos e ele comentará sobre seu filme O Condado Macabro!! Continuem ligados porque ainda tem muitas surpresas!!
Beijinhos
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